sábado, 25 de outubro de 2008

...

Deitada no colo do tempo revivo esperas,
Tão recentes quanto flor de primavera
Que durante 3 estações aguardam reviver.
Na ausência da falta, feriu minha vaidade,
Que quis te privar das maldades,
Que seria capaz de escrever
A vida recria a arte,
Seria vingança da minha parte,
Depois querer ler.

E no fim da noite...

A noite vestindo saia,
Dança na sala vazia
Meu rosto se desfaz
maquiagem colorindo a pia

As mãos que não obedecem
Me obrigam a olhar
Escorregam pelo colo nu
Buscando um peito para pousar

Tudo em mim é timidez
Não conheço aquela que vejo
Minha voz ensaia lágrimas
Mas ouço um solfejo

Meu corpo pede sons
Pra se movimentar
Esqueço da moça que vi,
Inundo a sala e com a noite faço par

Amar-te

Quando olho pra você
Uma tela se desfaz
Então pinto pensamentos
Com cores que nem existem mais
Essa retina que me engana
Faz da sombra belo azul
Você é aquarela e a tela, meu corpo nu
Me desenho em você
E releio seu suor
Você, meu preto e eu seu sol maior
Compreendo que nossos sons, outrora dissonantes
Navegam por mares, não navegados antes
Existem tons de nós por toda parte
O que sinto não é mais amor,
Agora chamo de arte.

Inspirada por João Nogueira

Inspirada por João Nogueira
E em defesa da mulher brasileira
Peço retorno da beleza renascentista
Qdo a barriguinha inspirava o artista
Todas nós podemos ser bonitas
Ninguém precisa ser um pau de virar tripa
Barriga de tanquinho não é evolução
E o braço da madona , é braço de peão
Com o passar do tempo
O que era natural ficou feio
Tiram carne da barriga,
Pra poder colocar no seio
Sou preta, sambista, típica brasileira
Não sou dançarina de axé, muito menos funkeira
Ainda assim tenho meu molejo
E quem dança de ré, pra mim é o caranguejo
Dieta do baldinho, é isso que eu quero
A moda aderindo ao programa fome zero
A revista ensinando como engordar
Uma boa feijoada na hora de acordar
Antes de dormir bolo, muqueca e bobó de camarão
Se só uma mulher lota a cama, pra que traição?

Agulha e linha

Encontrei em meu peito que queimava

Lágrimas em forma de lavas e poesia em brasa

Sacudi com força toda minha ironia

Ficou então visível que era de mim que eu desistia

Peguei o pedaço de pano

Estampado com seu beijo

Me armei com agulha e linha

Bordei nele meu desejo

Troquei sonho por flores

Certa de que valeria

O resto apostei na roleta

que girava enqto eu dormia

Foi assim que perdi

Um pouco de dignidade

Mas reconquistei o orgulho

Seduzido pela minha vaidade

O tempo que me salvou se tornou meu amigo

Aí eu pude de pano e fogo fazer meu vestido

Já não vôo mais, prefiro ir a pé

Não há mais cansaço, tenho uma fonte inesgotável de fé