Perdigotos ao Vento
quinta-feira, 30 de abril de 2015
Autofagia
Lambendo a mim, como as suas feridas
Como se fosse eu o tempo, a mim dava satisfação,
enqto dele eu tomava
a conta
Fez altar no lugar de canção
Diário de bordeaux
quarta-feira, 25 de maio de 2011
Ninguém liga pra barriga
E em defesa da mulher brasileira
Peço retorno da beleza renascentista
Qdo a barriguinha inspirava o artista
Todas nós podemos ser bonitas
Ninguém precisa ser um pau de virar tripa
Barriga de tanquinho não é evolução
E o braço da madona , é braço de peão
Com o passar do tempo
O que era natural ficou feio
Tiram carne da barriga,
Pra poder colocar no seio
Sou preta, sambista, típica brasileira
Não sou dançarina de axé, muito menos funkeira
Ainda assim tenho meu molejo
E quem dança de ré, pra mim é o caranguejo
Dieta do baldinho, é isso que eu quero
A moda aderindo ao programa fome zero
A revista ensinando como engordar
Uma boa feijoada na hora de acordar
Antes de dormir bolo, muqueca e bobó de camarão
Se só uma mulher lota a cama, pra que traição?
domingo, 25 de outubro de 2009
Castelo
Àquela loucura perdida
No quarto a parede
A porta e a janela
Aguardam as próximas notícias
Só peço que venhas seguro
E traga consigo
Aquele sorriso gostoso
E o beijo dengoso
Que tanto me apraz
Só peço que venhas disposto
E assuma seu posto
De cavaleiro audaz
Bordados
Encontrei em meu peito que queimava
Lágrimas em forma de lavas e poesia em brasa
Sacudi com força toda minha ironia
Ficou então visível que era de mim que eu desistia
Peguei o pedaço de pano
Estampado com seu beijo
Me armei com agulha e linha
Bordei nele meu desejo
Troquei sonho por flores
Certa de que valeria
O resto apostei na roleta
que girava enquanto eu dormia
Foi assim que perdi
Um pouco da dignidade
Mas reconquistei o orgulho
Seduzida pela minha vaidade
O tempo que me salvou se tornou meu amigo
Aí eu pude de pano e fogo, fazer meu vestido
Já não vôo mais, prefiro ir a pé
Não há mais cansaço
Tenho uma fonte inesgotável de fé
Amar-te
Quando olho pra vc
Uma tela se desfaz
Repito pensamentos
Uso cores que nem existem mais
Essa retina que me engana
Faz da sombra belo azul
Vc é aquarela e a tela, meu corpo nu
Me desenho em vc
E releio o suor
Compreendo os nossos sons
Que são todos em tom menor
Percebo que o nós
Está em toda parte
O que sinto não é amor,
Agora chamo: arte.
Pas de deux
A noite vestindo saia,
Dança na sala vazia
Meu rosto se desfaz
maquiagem colorindo a pia
As mãos que não obedecem
Me obrigam a olhar
Escorregam pelo colo nu
Buscando um peito para pousar
Tudo em mim é timidez
Não conheço aquela que vejo
Minha voz ensaia lágrimas
Mas ouço um solfejo
Meu corpo pede sons
Pra se movimentar
Esqueço da moça que vi,
Inundo a sala e com a noite faço par